quarta-feira, 30 de junho de 2010

Brian Eno - Before and After Science (Fourteen Pictures) - (1977)

Esse álbum é no meu entender o segundo melhor trabalho do grande Brian Eno, só perdendo para o álbum "Here Comes The Warm Jets" (já divulgado nesse mukifu). 'Before and After Science' é de um trabalho mais suave e sereno, imerso numa atmosfera mais contemplativa e intimista.

Nesse álbum, Eno formalmente apresenta ao público, um antigo projeto que começou possivelmente em  meados dos anos 60 em parceria com o artista, pintor e professor Peter Schmidt (falecido em 22/01/1980). Trata-se de um conjunto de cartas, nos moldes de um "Oráculo", chamado 'Oblique Strategies', que segundo seus idealizadores, tem por objetivo auxiliar a tomada de decisões, principalmente no âmbito do processo criativo. Segundo o próprio Eno, esse conjunto de cartas foi extensamente usado na elaboração do álbum em tela e a julgar pela qualidade musical do álbum, parece que realmente funciona, pelo menos para o próprio Eno.

Peter Schmidt já colaborava com Eno na elaboração das capas dos álbuns 'Taking Tiger Mountain (By Strategy)' (74) e no álbum 'Evening Star' (74/75) de Eno com Robert Fripp, mas somente nesse álbum 'Before and After Science' é que Eno expressamente menciona a utilização desse recurso para solução de seus dilemas profissionais e Schmidt aproveita a oportunidade e publica quatro belas aquarelas de sua autoria.

Maiores detalhes acerca do funcionamento e como adquirir o conjunto de cartas denominado 'Oblique Strategies' poderão ser obtidas em: http://www.rtqe.net/ObliqueStrategies/

Brian Eno não deixou por menos na escolha dos músicos que o acompanham. A lista é simplesmente de primeira qualidade, resultando num trabalho de altíssimo nível, mas que pode não agradar a todos os seus admiradores, em razão de sua natureza, na maioria das vezes, mais suave, delicada e melódica, características que particularmente muito me agradam.

Before and After Science (Fourteen Pictures) - (1977)

Músicas:
01. No One Receiving
02. Backwater
03. Kurt's Rejoinder
04. Energy Fools The Magician
05. King's Lead Hat
06. Here He Comes
07. Julie With...
08. By This River
09. Through Hollow Lands
10. Spider And I

Músicos:
Paul Rudolph: Baixo e guitarra ritmica (1), Baixo (2,5,6,7),
Phil Collins: Bateria (1,4,
Percy Jones: Baixo Fretless (1,4), Analog delay Bass (3)
Jaki Liebezeit: Bateria (2)
Dave Mattacks: Bateria (3,6)
Shirley Willians: Brush Timbales (3)
Kurt Schwitters: Voice (3)
Fred Frith: Modified guitar (4), Cascade guitars (9)
Andy Fraser: Bateria (5)
Phil Manzanera: Guitarra ritmica (5), guitarras (6)
Robert Fripp: Guitarra solo (5)
Achim Roedelius: Piano de cauda e piano elétrico (8)
Möbi Moebius: Bass Fender piano (8)
Bill MacCornick: Bass (9)
Brian Turrington: Baixo (10)
Brian Eno: Vocal, sintetizadores, guitarra, piano, percussão sintetizada, Yamaha CS80, Moog, mini-Moog demais teclados.

[Obrigado = Thanks]

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Premiata Forneria Marconi - 'Cook' ou 'Live In USA' - (1974)

Particularmente sempre gostei muito de gravações ao VIVO. Quando o trabalho que envolve a elaboração e produção dessa categoria especial de obra fonográfica é bem realizada, tanto pela equipe técnica, quanto pelos músicos, o resultado geralmente surpreende. Os improvisos, os solos, a reação do público, todos os elementos implícitos na captura de um momento único e que nunca mais se repetirá são absolutamente fascinantes e empolgantes.

Por tal razão, estou inaugurando nesse mukifu, um novo marcador, especialmente dedicado aquelas obras ao Vivo que considero magistrais, impecáveis e altamente recomendadas. Inaugurando o mencionado marcador estou divulgando esse genial álbum do PFM conhecido como 'Cook' ou 'Live in USA'. Gradualmente pretendo divulgar, dentro das minhas parcas possibilidades, álbuns ao vivo de algumas bandas que tiveram a felicidade de gravarem verdadeiras obras-primas ao vivo, algumas vezes, com versões mais empolgantes e interessantes que as versões originais de estúdio.

Quanto a presente postagem, não tenho muito a acrescentar, a final trata-se de uma das bandas italianas de progressivo mais conhecidas e renomadas mundialmente, dispensando qualquer comentário idiota. No entanto sempre me questionei o motivo que levou esse álbum a possuir duas denominações 'Cook' e 'Live In USA'. Na verdade essa obra é o resultado de duas apresentações uma ocorrida em Toronto (Canadá) aos 22/08/1974 e a outra em New York (USA) aos 31/08/1974, não justificando trocar o nome desse álbum. Talvez tenham aproveitado um maior volume de material da apresentação em New York, mas isso não está claramente informado no álbum.

Felizmente possuo uma versão em vinil (1974) do 'Cook', edição Americana, selo Manticore, com a magnífica e original capa que escolhi para ilustrar a presente postagem. Não sei o motivo, mas nunca mais editaram ou se referiram ao 'Cook', passando a editá-lo como 'Live In USA'. Quando lançaram esse álbum no Brasil, seguiram a horrenda capa do 'Live In USA'.

'Cook' ou 'Live In USA' (1974)
Músicas:
01. Four holes in the ground
02. Dove...quando
03. Just look away
04. Celebration (incluíndo trecho da música 'The world became the world')
05. Mr Nine till Five
06. Alta loma five till nine (incluíndo trecho da obra de Rossini 'Willian Tell Overture')

Músicos:
Franz Di Cioccio: Bateria, Vocal
Patrick Djivas: Baixo
Franco Mussida: Guitarras, Vocal
Mauro Pagani: Violino, Flauta, Vocal
Flavio Premoli: Hammond organ, Piano, Mellotron, Moog, Vocal

[Obrigado = Thanks]

Jane - Together (1972)

Formada no final do ano de 1970, somente em 1972, com o lançamento de seu primeiro álbum 'Together' é que a banda germânica "Jane" veio a ser conhecida pelo público internacional.

Possivelmente, por conta das diversas alterações sofridas na  estrutura dos músicos que integraram a banda, "Jane" não se manteve fiel ao progressivo, incorporando elementos do Krautrock, Hard Rock, dentre outros estilos ao longo de sua vasta discografia, fato que certamente não colaborou favoravelmente para uma maior projeção da banda no cenário do progressivo, relegando a banda a uma posição secundária.

Nesse álbum inaugural, na minha opinião o melhor álbum da banda, existem verdadeiros clássicos do progressivo e não pretendo individualizar nenhuma delas,  pois trata-se de uma obra muito bem elaborada, repleta de brilhantes momentos de órgão e guitarra, capazes de agradar aos apreciadores do progressivo hard rock.

A estrutura musical claramente apoiada nos belos teclados de Werner Nadolny, na bateria de Peter Panka, na guitarra de Klaus Hess e no agradável vocal de Bernd Pulst, fazem desse ábum, uma obra fundamental para aqueles que apreciam um bom progressivo, bem como, aqueles que apreciam a sonoridade do progressivo germânico (embora, infelizmente, cantado em Inglês).

Ainda hoje, decorridos mais de 38 anos, esse álbum permanece original, atual, criativo e tecnicamente perfeito. 'Together' tem uma proposta musical consistente, robusta e vigorosa, merecendo um lugar de destaque entre os melhores álbuns de progressivo, principalmente por possuir uma personalidade musical própria e por desenvolver um trabalho de elevada qualidade artística, utilizando-se de recursos tecnológicos básicos, quase rudimentares, em comparação com as possibilidades técnológicas atualmente disponíveis.

Together (1972)

Músicas:
01. Daytime
02. Wind
03. Try To Find
04. Spain
05. Together
06. Hangman

Músicos:
Klaus Hess: Lead Guitar
Charly Maucher: Bass, Vocals
Werner Nadolny: Organ, Flute
Peter Panka: Drums, Percussion
Bernd Pulst: Vocals

[Obrigado = Thanks]


Dedico essa postagem a memória do baterista Peter Panka, falecido em 28/06/2007.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Finch - Glory Of The Inner Force (1975)

Essse é o primeiro álbum dessa genial banda holandesa, que funde com exemplar habilidade, competência e virtuosismo o progressivo, o hard rock e o jazz rock.

A sonoridade do Finch, no meu entender, é incomum e singular, não me parecendo possível servir-me da analogia, para tentar descrever ou mesmo delinear sua personalidade musical.

Finch é inquietante, original, complexo e denso. Suas composições, relativamente longas, merecem uma atenção muito especial por parte do ouvinte, de forma a melhor aproveitar todas as magníficas variações musicais envolvidas. Por tratar-se de uma obra riquíssima em andamentos, em sua maioria rápidos (em especial o álbum Beyond The Expression), o ouvinte, poderá numa primeira audição ficar um pouco desnorteado, chegando a perder o interesse pelo trabalho, no entanto, não se deixe levar pela primeira audição.

Ouvir o trabalho do Finch é como observar-se um exímio desenhista ao longo de seu processo criativo. Do branco espaço, sugem as primeiras linhas e traços que delineam a estrutura básica, dividem o espaço, determinam sua extenção. Gradualmente, do emaranhado de traços sem sentido, surgem quase que magicamente, contornos definidos, luzes, sombras, volumes e texturas. Quando o observador acha que a obra esta concluída, inicia-se uma outra fase, onde são finalmente acrescentadas as cores que irão ressaltar as luzes, as sombras, os volumes e as texturas.

Acredito que por conta de sua singular sonoridade, Finch certamente não recebeu, como ainda não recebe, a atenção e o prestígio legitimamente merecidos, por parte do público que aprecia o bom progressivo. Trata-se de uma música instrumental com um enfoque nada convencional e que exige do ouvinte um alto nível de concentração e abstração.
Como já mencionei anteriormente na postagem relativa ao álbum 'Beyond The Expression' (1976), "as composições são notoriamente conduzidas pela guitarra de Nimwegen, que foi fortemente influenciado pelo seu conterrâneo Jan Akkerman (Focus)", dentre muitas outras influências, revelando, ao longo desse álbum, um  profundo conhecimento e pleno domínio de diversas técnicas. No entanto, o fato da guitarra exercer um papel importante na condução das composições, não retira ou  diminui a importância e o virtuosismo dos demais integrantes, que são músicos de primeiríssima qualidade técnica.

Não vou me alongar em detalhadas dissertações. Finch é altamente recomendado. Se o visitante gosta de um progressivo mais pesado, repleto de andamentos que intercalam-se entre o lírico, o hard prog. e jazz rock, não deve deixar de ouvir os dois trabalhos aqui divulgados.

Glory Of The Inner Force (1975)

Músicas:
01. Register Magister
02. Paradoxical Moods
03. Pisces
04. A Bridge to Alice
05. Colosus, Part 1   (Bonus)
06. Colosus, Part 2   (Bonus)

Músicos:
Joop Van Nimwegen: guitarras
Cleem Determeijer : teclados
Peter Vink : baixo
Beer Klaasse : bateria

[Obrigado = Thanks] 


Se o caro visitante desejar conhecer o terceiro álbum do Finch "Galleons Of Passion" (1977), visite:
http://amakina.blogspot.com/2010/11/finch-galleons-of-passion-1977-lossless.html

sábado, 12 de junho de 2010

Paris - Paris (1976)

Definitivamente o ano de 1976 não foi um ano de nobre safra para o progressivo, assim como, também não foi um excelente ano para o hard rock. Pouca coisa de significativo valor e relevância musical foi lançada naquele ano. Como mera referência, citarei apenas alguns dos mais significativos trabalhos lançados naquele ano (na minha opinião):
Rainbow 'Rising', Budgie 'If I Were Brittania I'd Waive the Rules', Aerosmith 'Rocks', Wishbone Ash 'New England', Uriah Heep 'High and Mighty', Starcastle "Starcastle',  Robin Trower 'Live' e 'Long Misty Days', Kansas 'Leftoverture', Led Zeppelin 'The Song Remains the Same', Scorpions 'Virgin Killer', Black Sabbath 'Technical Ecstasy', Rush 'All the World's a Stage', Brand X 'Peter & Wolf'' e mais alguns outros que deixo de consignar de modo a não tornar a leitura mais maçante do que já é.

A lista, embora incompleta, não chega a ser gigantesca (principalmente para os dias de hoje, com MP3 e internet), mas para quem, naquela época, desejava adquirir todos esses lançamentos em vinil era praticamente impossível (impagável) adquirir a maioria os bons lançamentos (do catálogo nacional) daquele ano. Isso implicava muitas vezes, em deparar-se com uma banda desconhecida e ver-se obrigado a postergar sua aquisição para "mais tarde", privilegiando a aquisição de outro álbum mais interessante. O tempo passava e por fim acontecia a mais perversa das situações. Aquela obra deixada para ser adquirida "mais tarde", acabava sendo retirada do catálogo, em razão da pouca vendagem e ficávamos então sem o LP.

A banda "Paris" foi um clássico exemplo do acima relatado, tornando-se vítima, da cruel decisão de deixar para "mais tarde" a sua aquisição, implicando, em decorrência, na sua prematura retirada do catálogo nacional. O resultado foi que quase ninguém comprou, quase ninguém conhece e poucos são aqueles que tiveram a chance de "mais tarde", depararem-se com uma cópia usada. Felizmente esse foi o meu caso e lá pelo ano de 1978, consegui minha cópia nacional.

A banda começou mal, logo na escolha do "romântico" nome. Particularmente, considero o nome "Paris" o nome mais estúpido, idiota e ignóbil que já conheci. Especialmente, considerando-se a natureza musical da banda, totalmente voltada para o hard rock. É um nome que ofende o sentido estético e lógico. Seria algo como se o "Rainbow" (outro nome idiota, parece nome de banda infantil) fosse "Lollypop", ou seja, "Pirulito"! Não pode funcionar! É uma aberração.

Em fim, essa banda foi formada por iniciativa do guitarrista Robert Welch (ex-Fleetwood Mac) em parceria com o competente baixista Glenn Cornick (ex-Jethro Tull) e o excelente baterista Thom Mooney (que tocou no 'The Nazz' com Todd Rundgren). Com essa formação lançaram o primeiro álbum do "Paris", objeto dessa postagem. O segundo álbum do "Paris" 'Big Towne, 2061', já conta com outro baterista Hunt Sales. Infelizmente não me recordo da sonoridade desse segundo álbum, (também isso já faz mais de 30 anos e eu  nessa época ainda tinha todos os meus dentes), mas pelo que lembro, não guarda uma estreita relação sonora com o primeiro álbum, não chegando a me interessar (pelo menos naquela época).

O "Paris", na minha concepção, cometeu o seu segundo maior equivoco, ao tentar desenvolver um hard rock, baseado na estrutura musical de um ícone do porte do "Led Zeppelin". Esse verdadeiro despautério, essa incomensurável arrogância, essa incontestável e indissimulável heresia teve seu doloroso e cruel preço, cobrado com absoluto rigor por parte do público consumidor. Pior que isso, só "pegando" dinheiro emprestado com "Jacoh" ou com seu primo "Isac", dois agiotas, com comércio estabelecido na esquina, próximo daqui de casa. Resumindo, venderam suas almas e se danaram.

Seja como for, ainda assim é um hard rock bem interessante e de excelente qualidade, com muitas composições empolgantes e até que bem arranjadas e executadas. Não espere ouvir grandiosos e memoráveis solos, Bob Welch não é Jimmy Page, embora, em alguns momentos tente se fazer passar por Robert Plant. No entanto, mesmo com toda essa lista de considerações um tanto quanto depreciativas, vale a pena conhecer, por tratar-se de um bom hard rock. Principalmente pelas faixas, 'Black Book', 'Religion', 'Beautiful Youth', 'Nazarene', 'Narrow Gate', 'Solitaire' e 'Breathless'.

Cabe ainda ressaltar que pelo menos 4 músicas desse álbum, foram incorporadas a programação da saudosa e inesquecível rádio Eldo Pop

Paris (1976)

Músicas:
01. BLACK BOOK
02. RELIGION
03. STARCAGE
04. BEAUTIFUL YOUTH
05. NAZARENE
06. NARROW GATE (LA PORTE ETROITE)
07. SOLITAIRE
08. BREATHLESS
09. ROCK OF AGES
10. RED RAIN

Músicos:
GLENN CORNICK: baixo, teclados
THOM MOONEY: bateria
ROBERT WELCH: guitarra, vocal

[Obrigado = Thanks]

Observação:
Depois de já haver remetido o arquivo para o servidor hospedeiro, detectei que existe um equívoco no título da 4ª faixa, onde lê-se 'Beautiful Cage', corrija-se para 'Beautiful Youth". Desculpem-me a falha. 

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Locanda Delle Fate - Forse Le Lucciole Non Si Amano Più (1977)

A bela e fascinante Itália foi, sem dúvida alguma, o berço de uma infinidade de memoráveis bandas de progressivo e jazz rock, principalmente no período compreendido entre o final dos anos 60 até o término da década de 70. Muitas das bandas que surgiram nessa época, frutificaram e desenvolveram  inúmeros trabalhos de altíssimo nivel técnico e inegável criatividade. Algumas outras, infelizmente não tiveram "fôlego" ou inspiração suficiente, para desenvolverem uma vasta discografia, mas mesmo assim, deixaram sua marca na história do progressivo com apenas um ou dois trabalhos, mas esses, de elevadíssima qualidade técnica e criativa. O Locanda Delle Fate, se enquadra exatamente nessa última situação.

Com uma singela discografia contando com apenas dois ábuns de estúdio; 'Forse Le Lucciole Non Si Amano Piu' (1977) e 'Homo Homini Lupus' (1999), um single contendo duas músicas; 'Nove Lune' e 'New York' (1978) e um álbum ao vivo 'Locanda Delle Fate - Live' (1977). Ainda assim, Locanda Delle Fate, conseguiu esculpir seu nome junto as mais prestigiadas bandas do progressivo italiano e mundial. Quanto ao álbum ao vivo, pelo que sei, somente uma única música é inédita 'La Giostra' (infelizmente não conheço) as outras seis músicas são do primeiro álbum.

Envoltos no momento de maior criatividade do progressivo italiano e mundial, os integrantes do LDF, souberam  extrair e sintetizar, com brilhante maestria, boa parte da saborosa sonoridade tipicamente italiana, desenvolvendo uma das mais densas, belas e fascinantes obras do progressivo italiano e subsequentemente, uma das mais preciosas jóias do progressivo mundial.

Se o prezado visitante não conhece a obra 'Forse Le Lucciole Non Si Amano Piu', não pode deixar para amanhã, a oportunidade de desfrutar da beleza e riqueza dos arranjos, que se revelam complexos, intrincados, sensíveis e criativos ao longo de toda a obra. Ressalto ainda, a curiosa e impecável  duplicidade das guitarras e dos teclados, que conferem as composições uma sonoridade inigualável, viabilizando uma miríade de elaboradas e delicadas filigranas musicais, excepcionalmente bem aproveitadas e exploradas pelo refinado, agradável e marcante vocal de Leonardo Sasso e pela bela flauta de Ezio Vevey. Devo ainda acrescentar e salientar, que toda essa genial "arquitetura" musical se deve ao exemplar trabalho estrutural do baixo de Luciano Boero e da bateria de Giorgio Gardino.

Em suma, para efeito meramente ilustrativo, se o visitante não conhece a banda, mas aprecia por exemplo, a estrutura melódica do Banco Del Mutuo Soccorso, certamente irá apreciar essa verdadeira preciosidade. Obra imprescindível na discoteca dos admiradores do bom e velho progressivo.

Forse Le Lucciole Non Si Amano Più (1977)

Músicas:
01 - A Volte Un Instante Di Quiete
02 - Forse Le Lucciole Non Si Amano Più
03 - Profumo Di Colla Bianca
04 - Cercando Un Nuovo Confine
05 - Sogno Di Estunno
06 - Non Chiudere A Chiave Le Stelle
07 - Vendesi Saggezza
08 - New York (Bônus)

Músicos:
Leonardo Sasso: vocal
Ezio Vevey: guitarra acustica 12 cordas, guitarra elétrica, flauta, vocal
Alberto Gaviglio: guitarra elétrica, acustica 12 cordas, vocal
Michele Conta: piano, piano elétrico, polymoog, sintetizadores, clavicembalo e clavinet
Oscar Mazzoglio: hammond, piano fender, moog, polymoog, sintetizadores
Luciano Boero: baixo, hammond
Giorgio Gardino: bateria, vibrafone

[Obrigado = Thanks]

domingo, 6 de junho de 2010

Klaus Doldinger's Passport - Oceanliner (1980)

Como já mencionei anteriormente na postagem relativa ao álbum 'Blue Tattoo', esse álbum marca o início de uma nova fase na carreira de Klaus Doldinger e em decorrência, na sonoridade da banda "Passport".

Infelizmente, não se trata de um álbum brilhante ou surpreendente, não chegando a ofuscar o brilho e a qualidade de seu sucessor o álbum 'Blue Tattoo', mas ainda assim, tem seus momentos de agradável beleza e originalidade, que certamente devem agradar aos visitantes que apreciam "Passport" (refiro-me a banda, não ao whisky... ).

Algumas faixas conseguem salvar o álbum, como a agradabilíssima 'Departure', que conta com a marcante característica sonora do bom e velho "Passport" e um brilhante arranjo de teclados.

A faixa 'Allegory' é outra excelente composição, que brilha em razão de seu tema principal e pela guitarra de Mulligan. 'Ancient Saga', merece um destaque especial pela excelente guitarra de Mulligan, notavelmente sensível e inspirado. É certamente a melhor faixa do álbum, aproximando-se muito de um progressivo.

Outras duas agradáveis e interessantes composições ficam por conta do baixo de Petereit em 'Bassride', que ao que tudo indica, parece estar executando seu solo num freetless (pode ser algum pedal, a ficha técnica não esclarece nada) e a genial 'Scope' (mais puro jazz).

Infelizmente, nada de muito agradável ou positivo acontece nas faixas 'Ocean Liner' e 'Uptown Rendezvous', exceto pelo maldito, odioso, abjeto e irritante vocal. Odeio! Realmente odeio com todas as minhas forças o "Passport", quando Doldinger resolve "enfiar" qualquer porcaria de cantoria na composição e se esquece da verdadeira música instrumental. Fica tão ruim e insuportável quanto o whisky homônimo. É certo que o whisky, depois da segunda ou terceira dose, até que "melhora", já quanto a essas duas composições... não tem jeito... nem secando a garrafa.

Esclareço que só não mutilo o álbum, estirpando o mau pela raíz, por duas únicas razões: Em primeiro, por tratar-se de um material divulgado por um parceiro de ofício do blog ( Masterpice - Ex-Acorde Final ) e que generosamente divulgou a obra em tela. Em segundo, se a divulgação fosse minha, ainda assim, não a mutilaria, por puro respeito aos caros visitantes, que tem o direito de ouvir a obra na sua totalidade. Mesmo que isso implique em indesejados efeitos colaterais.

Oceanliner (1980)

Músicas:
01. Departure
02. Allegory
03. Ancient Saga
04. Ocean Liner
05. Rub-A-Dub
06. Uptown Rendezvous
07. Bassride
08. Scope
09. Seaside

Músicos:
Kevin Mulligan: vocal, guitarra;
Klaus Doldinger: sax, teclados, lyricon, vocodor;
Hendrik Schaper: teclados;
Dieter Petereit: baixo;
David Crigger: bateria, percussão

Para baixar esse trabalho, visite o Blog, (generosamente recomendado pela amigo e parceiro Gustavo do excelente Blog Nas Ondas da Net ):
http://adeodato.blogspot.com/2010/05/passport.html

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Klaus Doldinger's Passport - Ataraxia (1977)

Esse álbum, embora sem a participação de Curt Cress, Kristian Schulze e Wolfgang Schmid (integrantes da formação clássica do Passport) é outro magnífico álbum dessa genial banda e também é um dos meus álbuns preferidos.

O visitante que habitualmente frequenta esse mukifu, já deve ter notado que sempre que possível, faço um breve comentário sobre a arte gráfica das capas (muitas vezes  abstenho-me de fazê-lo, visando não alongar a resenha). Como gosto de desenhar (embora não o faça há muitos anos) sempre apreciei procurar a conexão do tema do álbum com sua respectiva capa. Pode parecer besteira, mas é algo que me agrada e me diverte, mesmo porque, no meu entender, uma boa capa deve ser a extenção da mensagem sonora, além de ser a apresentação inicial do produto (sua embalagem) e sendo assim, se esta não for sugestiva, poderá até mesmo comprometer a venda do produto, no caso, da obra fonográfica.

Esse blá, blá, blá todo, deve-se ao fato de nunca ter compreendio a conexão da capa com o título desse álbum. A imagem originalmente entitulada "Palm of my hand" de autoria do artista sueco Bengt Böckmann, sempre me foi hermética e como nunca  compreendi seu significado, busquei auxílio no meu bom e velho Dicionário Houaiss, na vã esperança de "alcançar" o seu real significado.

O termo ataraxia possui pelo menos três significados, que embora, num primeiro momento pareçam semelhantes, somente o são, em relação aos seus efeitos, divergindo completamente quanto aos seus mecanismos causais.

A primeira concepção, trata-se da completa ausência de perturbações ou inquietações da mente, tranqüila e serena felicidade obtida através do domínio ou da extinção de paixões, desejos e inclinações sensórias (vontade própria). A segunda, refere-se ao comportamento apático diante de estímulos internos; indiferença (involuntário/patológico) e a terceira concepção implica na obtenção do estado ataráxico por meio de tranqüilizantes (terapeutico).

Resumindo, não adiantou nada! Fiquei na mesma situação que me encontrava anteriormente e até hoje não consigo "enxergar" qualquer conexão entre a obra musical e a sua respectiva capa.

Sendo assim, só me resta mesmo informar ao ilustre visitante, que o som (jazz fusion) é de primeiríssima qualidade e certamente não disapontará aos admiradores do "Passport". Destacando como magistrais e imperdíveis, o clima criado pelos teclados na composição 'Ataraxia (1 e 2)' além do exímio trabalho de Doldinger no sax, a excelente guitarra em 'Mandrake' e 'Louisiana', a brilhante "tecladeira" em 'Reng Ding Dang Dong' e a igualmente excelente 'Sky Blue'.

Ataraxia (1977)

Músicas:
01. Ataraxia, Pt. 1
02. Ataraxia, Pt. 2
03. Sky Blue
04. Mandrake
05. Reng Ding Dang Dong
06. Loco-Motive
07. The Secret
08. Louisianna
09. Alegria

Músicos:
Klaus Doldinger: Sax, Flauta, Teclados, Mellotron
Willy Ketzer: Bateria
Elmer Louis: Percussão
Roy Louis: Guitarra
Guillermo G. Marchena: vocal, percussão
Dieter Petereit: Baixo
Hendrik Schaper: Teclados

[Obrigado = Thanks]

terça-feira, 1 de junho de 2010

Le Orme - Contrapppunti (1974)

Conforme o compromisso assumido na postagem anterior da banda "Le Orme", relativa ao álbum 'Felona e Sorona', estou divulgando essa outra preciosidade do progressivo Italiano, o álbum "Contrappunti", que no meu entender é outro grandioso, memorável e inigualável trabalho dessa genial banda.

Se o caro visitante ainda não conhece esse magistral trabalho, não faz idéia do que esteve perdendo. No entanto, ainda há tempo para degustar essa nobre e rara iguaria, de sutis sabores, aromas e sensações.

Não tecerei qualquer comentário acerca das belíssimas composições que fazem parte desse álbum, uma vez que todas são de altíssima qualidade. Por outro lado, não posso deixar de mencionar a beleza poética da faixa 'La Fabbricante D'Angeli', que embora aborde um tema complexo, denso, delicado, doloroso e íntimo (o aborto), consegue, ainda assim, poética e suavemente descrever, com dolorosa e sensível riquesa de detalhes, principalmente para os nós 'homens', o trágico, sofrido e amargo momento, a que são submetidas as mulheres.

A letra e o excepcional arranjo dessa composição, tem a incrível habilidade de descrever e tingir (com todas as suas fortes cores e respectivas sombras) as inúmeras facetas envolvidas nessa delicada questão. Descortinando diante do ouvinte, não apenas a dolorosa, eterna e terna dúvida, inclementemente solitária, fria e vazia, destruidora das inocências e dos sonhos, que somente aqueles de vivenciaram esse momento podem compreender.

Por outro lado e por estranho que possa parecer, dada a amargura e complexidade da questão, a composição oferece uma parcela de generoso conforto e paz, remetendo o ouvinte a uma "dimensão" acolhedora, serena, amável e inatingível. No meu entender, trata-se de uma verdadeira obra de arte, que como tal, com brilhante inspiração, ultrapassa os limites das discussões morais, filosóficas, éticas ou religiosas implícitas nessa questão.

Contrapppunti (1974)

Músicas:
01. Contrappunti
02. Frutto Acerbo
03. Aliante
04. India
05. La Fabbricante D'Angeli
06. Notturno
07. Maggio

Músicos:
Tony Pagliuca: teclados
Aldo Tagliapietra: vocal, baixo, guitarra
Michi Dei Rossi: bateria, percussão
Gian Piero Reverberi: pianoforte

[Obrigado = Thanks]