quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ain Soph - A Story of Mysterious Forest (1980)

Há alguns dias atrás, estava (mais uma vez) tentando catalogar meu acervo de músicas obtidas pela WEB quando me deparei com esse maravilhoso álbum, "esquecido" em um dos meus HDs. Esse álbum em razão de sua qualidade, já deveria ter sido divulgado nesse Mukifu há muito tempo, mas por força da minha habitual desorganização, acabou ficando para agora.

'Ain Soph' foi uma banda japonesa de jazz rock/ fusion com alguma influência de progressivo e acredito  que não irá decepcionar, aqueles que ainda não conhecem a banda. Na verdade, o álbum da presente postagem é o primeiro álbum oficial da banda 'Ain Soph'. No entanto, creio que deveríamos considerar o álbum "Ride on a Camel" (1978) como sendo o verdadeiro álbum inaugural. A banda, nesse álbum, chamava-se "Tenchi Sozo" (que significa "A Criação"), no entanto, todos os integrantes que participam desse trabalho, (exceto pelo tecladista Kikuo Fujikawa, substituído por Masey Hattori) pouco tempo depois, integram a banda 'Ain Soph', que apenas trocou de nome. Já com o nome de 'Ain Soph',  lançam uma razoavel discografia, embora um pouco descontinuada: "A Story of Mysterious Forest" (80), "Hat and Field" (87), "Marine Menagerie" (91) (inclui uma boa parte do material do álbum "Ride on a Camel") e "Five Evolved From Nine" (93).


"Ride on a Camel" é um trabalho inegavelmente inspirado no "Camel", mas nem porisso, desprovido de personalidade. Trata-se de um álbum elegante, repleto de incursões, até que muito bem sucedidas, pelo jazz rock, onde não se pode negar o exaustivo esforço de seus integrantes, na sua árdua jornada por um estilo próprio, oferecendo ao ouvinte inúmeros momentos de excepcional criatividade, maestria e beleza. Particularmente, ao contrário de muitos apreciadores do 'Ain Soph', considero o "Ride on a Camel" um exelente trabalho. Para aqueles que desejam conhecer o "Ride on a Camel", aí vai o endereço de um excelente blog:


Lamentavelmente, meus conhecimentos sobre essa banda restringem-se ao "A Story of Mysterious Forest" e ao "Ride On A Camel" desconhecendo todos demais trabalhos. Do que lí sobre a banda, constatei que ocorreram algumas idas e vindas de integrantes (como do tecladista Kikuo Fujikawa), o que resultou em algumas reestruturações na formação do 'Ain Soph', bem como, longos períodos de inatividade, fatos que com certeza não contribuíram para um pleno amadurecimento da banda.

Algumas faixas do "A Story of Mysterious Forest", merecem uma rápida descrição. 'Crossfire', trata-se de uma flagrante homenagem a 'Mahavishnu Orchestra'. Nela estão presentes todos os geniais elementos característicos das composições da 'Maravishnu', em especial as guitarras de 'Mclaughlin' e os teclados de 'Hammer'. 'Natural Selection', traz uma excelente e agradável fusão da sonoridade Japonesa, com a absoluta e total "quebradeira" do mais puro jazz rock, num estilo próximo ao 'Soft Machine', principalmente nos álbuns 'Bundles' e 'Softs'. 'Variations On A Theme By Brian Smith' é outro magnífico momento também dedicado ao jazz rock, embora com uma abertura um pouco mais conservadora e utilizando-se de "tintas" mais tradicionais, "pintam" com desenvoltura e maestria, um forte quadro, repleto de enigmáticas "pincelas e cores", resultando num "abstracionismo" musical de inegável qualidade 'A Story Of Mysterious Forest' é sem dúvida a faixa mais progressiva do álbum, merecendo uma audição criteriosa e menos crítica quanto ao seus arranjos e andamento.

A Story of Mysterious Forest (1980)

Músicas:
01. Crossfire (2:54)
02. Interlude I (1:30)
03. Natural Selection (8:10)
04. Variations on a Theme by Brian Smith (9:44)
05. A Story of Mysterious Forest (18:47)
a) Awakening
b) Longing-Whith the Wind
c) Mysterious Forest
d) Passion
e) Deep Sleep
f) Darkness
g) Dance
h) Misfortune
i) Mysterious Forest
j) Awakening
06. Interlude II (0:33)

Músicos:
Masey Hattori: acoustic & electric pianos, celeste, Hammond organ, clavinet, synthesizers, strings, vocoder, mellotron
Hiroshi Natori: drums, percussion, crystal gong
Masahiro Torigaki: bass
Yozox Yamamoto: acoustic & electric guitars

[Obrigado = Thanks]

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Armageddon - Armageddon (1975) & Captain Beyond - Captain Beyond (1972)

É interessante como existem alguns álbuns que por razões insondáveis nos marcam pelo resto de nossas vidas. Refiro-me especificamente a um grupo extremamente seleto de trabalhos que tocam e atingem profundamente a 'alma' do ouvinte, impregnando-se de forma profunda e vitalícia nas mais recônditas regiões cerebrais, daqueles que se expuseram a essa inexplicável, fascinante e mágica experiência sonora.

Possivelmente, quem quer que esteja lendo essas linhas, nesse pequeno espaço de tempo, já tenha elaborado mentalmente sua pequena lista de álbuns que se enquadram nessa situação. Pessoalmente passei por essa 'estranha e magnífica' experiência em duas ocasiões. A primeira foi quando ouvi pela primeira vez o 1º álbum do 'Captain Beyond' e a segunda quando ouvi o 'Armageddon'. É claro que existem uma infinidade de outras obras, de outros artistas (a lista é quase infindável) que nos trazem magníficas, vibrantes e fortes sensações e emoções e que conseguem extrapolar os limites do "puro prazer auditivo", conduzindo-nos a outras dimensões ou a novas e fantásticas 'realidades'. Mas por alguma razão, que não consigo claramente expressar em palavras, essas duas obras possuem algo de extremamente mágico e especial, pelo menos para mim e se tivesse que escolher somente 10 obras absolutamente inesquecíveis, certamente esses dois álbuns estariam no topo da listagem.

Embora essas duas obras sejam facilmente obtidos pela WEB, essas não poderiam faltar num Blog destinado a divulgação da boa música. Mesmo porque, se essas obras não fossem incluídas dentre aquelas que considero fundamentais, certamente estaria comprometendo o objetivo principal desse meu mukifu safado, que é a divulgação da boa música. No entanto, antes que me "apedrejem", vou logo esclarecendo que é absolutamente impossível divulgar tudo aquilo que possa ser considerado fundamental. Seja por falta de tempo, por não possuir uma cópia, ou mesmo por desconhecimento, sempre ficarão de "fora" algumas muitas pérolas da boa música e é exatamente por isso que existem muitos divulgadores da boa música pela rede.

Então vou deixar pra lá o blá, blá, blá e vamos ao que interessa.

Armageddon - Armageddon (1975)
 

O Armageddon foi uma banda inglesa de hard rock dos anos 70, que conseguiu fundir à sua sonoridade pesada e densa, uma forte influência do Progressivo. Infelizmente o Armageddon foi  mais uma daquelas geniais bandas, que não conseguiu superar dificuldades internas e dissolveu-se após o lançamento do seu primeiro e único álbum.

Na verdade, o Armageddon só surgiu graças a insatisfação do vocalista Keith Relf (ex-Yardbirds e membro da primeira formação do Renaissance), que após abandonar o Renaissance, tempos mais tarde, junto com o guitarrista Martin Pugh e do baixista Louis Cennamo companheiros da 'Steamhammer' (uma banda sem maior expressão) viajaram para Los Angeles e convidaram o monstruoso ex-baterista do 'Captain Beyond', Bobby Caldwell a formarem uma banda. Estava formado então o Armageddon.

A começar pela apropriada e original capa desse álbum, que se utiliza da contra-capa, para revelar-nos o desfecho do evento bíblico que dá nome a banda, o conteúdo sonoro é ainda melhor. Os caras conseguiram capturar e ilustrar com fidelidade o clima caótico, catastrófico e explosivo resultado de um eventual e até mitológico conflito "final" entre o "bem" e o "mal".  

Muito poderia ser dito sobre esse excelente álbum do 'Armageddon', mas até hoje, ainda não lí melhor descrição que a de autoria do amigo Ricardo Lucon, criador do fantástico Blog 'Camara de Eco', que agora tomo a liberdade de reproduzir:

"Hard intrincado, inteligente e porque não, genial. Keith Relf abandona as raízes bluseiras que o projetou com o Yardbirds e cai de cabeça no hardão vigoroso e sem teclados. O guitarrista Martin Pugh detona em bases e solos muito eficientes e com timbragens alucinantes enquanto Louis Cennamo segura a onda com seu baixão gordo, formando a cozinha ao lado de Bobby Caldwell, um monstro da batera setentista e muito pouco citado nos dias atuais.
Apesar da boa recepção ao álbum, a banda fez poucos shows e consequentemente a grana acabou e a banda também. Keith Relf voltou doente para a Inglaterra e ainda tendo problemas com as drogas. Faleceu em 14 de maio de 76 vítima de uma descarga elétrica da guitarra enquanto ensaiava para uma reunião dos integrantes originais do Renaissance, que chamaria Illusion.
O disco é perfeito, nota 10, mas devo destacar a pequena suite Basking In The White Of The Midnight Sun, dividida em três partes. Pura bateção de cabeça!
Ecos de um passado ousado e muito criativo, dos tempos que não bastava ser bom músico, o sujeito tinha que ser também um visionário."

Depois dessa objetiva e impecável apresentação do amigo Lucon, só me resta encerrar essa postagem, recomendando, aqueles que ainda não conhecem a banda, a aproveitarem a oportunidade para baixar essa verdadeira pérola rara do Hard Rock em 320 kbps e assim, desfrutarem de um dos melhores álbuns de Hard Rock que já ouvi. Esse álbum inclusive fez parte da programação da saudosa rádio Eldo Pop e certamente marcou a vida de muitos dos seus fiéis e saudosos ouvintes.  

Armageddon (1975)

Músicas:
01. Buzzard
02. Silver Tightrope
03. Paths And Planes And Future Gains
04. Last Stand Before
05. Basking In The White Of The Midnight Sun
06. Warning Coming On
07. Brother Ego
08. Basking In The White Of The Midnight Sun (Reprise)

Músicos:
Keith Relf - Vocal, Harmonica
Martin Pugh - Guitarra, Violão
Bobby Caldwell - Bateria, Vocal, Piano, Percussão
Louis Cennamo - Baixo

[Obrigado = Thanks]

Captain Beyond - Captain Beyond (1972)

Embora a banda estadunidense (Los Angeles) 'Captain Beyond' tenha lançado 3 álbuns: "Captain Beyond" (1972), "Sufficiently Breathless" (1973) e "Dawn Explosion" (1977), o primeiro álbum é definitivamente o meu preferido, por enquadrar-se perfeitamente nas razões já expostas no início dessa dupla postagem. Existem ainda outros álbuns, como o não oficial, 'Frozen Over' (1973) (bootleg - Live In Arlington, Texas), a tentativa de retorno de Rhino e Bobby Caldwell acompanhados por outros músicos no 'Sweden Rock Festival Norje' (1999) e mais recentemente o lançamento do 'Night Train Calling (Crystal Clear)' (2000), contendo 4 músicas.

Com a sua clássica formação de músicos, a saber: Rod Evans (vocalista do Deep Purple nos três primeiros álbuns), Lee Dorman e Larry "Rhino" Reinhardt (respectivamente baixista e guitarrista do Iron Butterfly) e Bobby Caldwell (baterista da Johnny Winter Band e mais tarde futuro membro do Armageddon), esses quatro músicos criaram uma das mais perfeitas, intrigantes, complexas e belas composições musicais, que fundem com excepcional originalidade, criatividade e virtuosismo o Hard Rock, o Progressivo e um pouco de Space Rock.

Nesse álbum de estreia, 'Captain Beyond' revela-se como uma banda de Hard absolutamente inovadora para aquela época (assim permanecendo até hoje). Sem perder o enfoque da proposta Hard Rock, interliga as composições de uma forma genial, chegando a resvalar pelas alamedas do Progressivo e do Space Rock, desenvolvendo um trabalho pesado e forte com muita competência e criatividade e isso tudo, sem a utilização de qualquer grandiosa parafernália eletrônica ou poderosos teclados. Na verdade, acredito tratar-se do inevitável resultado da mais pura criatividade, genialidade na elaboração dos arranjos, virtuosismo, sensibilidade e inspiração.

Não vou desnecessariamente me alongar comentando cada faixa. Quem já conhece o trabalho da banda sabe que não estou exagerando e quem ainda não conhece, está aí a oportunidade de viajar e se surpreender com um dos melhores álbuns de Hard Rock (da década de 70) de todos tempos. Uma verdadeira obra-prima divulgada em 320 kbps.

Por incrível que possa parecer, essa verdadeira jóia fonográfica chegou a ser lançada no Brasil em 1973 pela Continental, acompanhando a versão europeia. Certamente, no Brasil, pouquíssimas cópias devem ter sido  prensadas, pois somente em 1979 ou 1980, após uma viagem de pouco mais de 100km é que finalmente consegui adquirir minha primeira cópia (nacional e em perfeito estado) e que me acompanha até os dias de hoje.

A ilustração da capa que acabou tornando-se quase que uma marca do 'Captain Beyond ' e é de autoria do artista Joe Garnett e dentro da esfera de cristal (segundo Lee Dorman) encontra-se a representação  simbólica do fogo e da água. Já na versão lançada nos EUA, tanto a capa como a contra capa foi utilizada a tecnologia de impressão lenticular (que é uma tecnologia na qual uma lente lenticular é usada para produzir imagens proporcionando uma ilusão de profundidade ou a capacidade de mudar ou mover-se, dependendo de como a imagem é vista de diferentes ângulos), mal comparando, para facilitar o entendimento, seria algo como a atual imagem holográfica.  
Um detalhe que considero muito importante, mas curiosamente muito pouco divulgado, refere-se a elegante e justa homenagem póstuma, prestada pelos membros da banda, ao dedicarem essa verdadeira obra-prima ao grande Duane Allman, falecido em 29/10/1971, em razão de um trágico acidente de moto, dias antes de Duane completar 25 anos.

Captain Beyond (1972)

Músicas:
01. Dancing Madly Backwards (On a Sea of Air)
02. Armworth
03. Myopic Void
04. Mesmerization Eclipse
05. Raging River Of Fear
06. Thousand Days Of Yesterday (Intro)
07. Frozen Over
08. Thousand Days Of Yesterdays (Time Since Come & Gone)
09. I Cant Feel Nothin (Part 1)
10. As The Moon Speaks (To the Waves of the Sea)
11. Astral Lady
12. As The Moon Speaks (Return)
13. I Cant Feel Nothin (Part 2)

Músicos:
Rod Evans: lead vocals
Bobby Caldwell: drums, piano, percussion, backing vocals, vibes, bells
Rhino: lead guitar, acoustic guitar, slide guitar
Lee Dorman: bass guitar, backing vocals, piano

[Obrigado = Thanks]