A esmagadora maioria dos artistas e bandas que ouço, só me foi possível conhecer, em razão de uma estação de rádio em FM (que ainda engatinhava). A Eldorado FM 98.1, que tive o privilégio de ouvir dos anos de 1974 à setembro de 1978 quando infelizmente foi definitivamente "banida do ar", para dar lugar a inexpressiva 98 FM.
Essa gloriosa e saudosa rádio, conhecida como ELDO POP, surgida no final de 1971 e dirigida pelo talentoso e também saudoso BIG BOY (falecido em 1977), foi um marco na história da rádio carioca. A ELDO POP, foi primeira e única rádio FM do Rio de Janeiro, que teve a coragem e a iniciativa de divulgar o Rock Progressivo das mais diversas tendências, correntes e nacionalidades, além de divulgar o Rock, o Blues, o Eletrônico e o Jazz Rock.
Divulgava música de altíssima qualidade, tendo ou não o respectivo LP sido lançado no Brasil. Era uma rádio independente. E por tal razão, não subordinada aos interesse das gravadoras, muito diferente do que vivenciamos hoje, com uma infinidade de estações de rádio, todas medíocres, e absolutamente comprometidas com os interesses comerciais das gravadoras, que infelizmente, preferem investir em "bandinhas" e "grupelhos pentelhos" de notória incapacidade técnica, e sofrível qualidade musical em detrimento a uma série de excelentes músicos nacionais e estrangeiros.
Na ELDO POP, não existia a figura do locutor. Para ser mais preciso, existiam apenas as famosas vinhetas (trechos de músicas que faziam parte da programação) e raras eram as intervenções dos patrocinadores (comerciais). Recordo-me em especial do anúncio da Light, que se não estou enganado, tinha como trilha sonora, o trecho final da obra entitulada "Hymn to Him", do LP "Apocalypse" da Mahavishnu Orchestra.
Era uma rádio que não se acanhava em veicular músicas com mais de 20 minutos de duração sem cortes ou edições. Ouvia-se um lado completo de um LP, ou seja, ouvia-se, se fosse o caso, a obra completa. Ouvia-se apenas música, e música de qualidade e não um bando de locutores retardados falando um monte de bobagens, ou "enchendo lingüiça" com sorteios de brindes e promoções absolutamente fúteis e inoportunas.
Outra característica exclusiva do ELDO POP, era o fato de não informar os nomes das bandas que eram executadas. Esse detalhe, no meu entender, contribuiu para eternizar a ELDO POP, pois muitos de seus fiéis ouvintes, decorridos mais de 30 anos, ainda hoje, trocam informações e continuam a procurar por determinadas músicas, estejam elas gravadas em K7 ou mesmo na memória, algumas, permanecem ainda hoje, sem uma identificação de sua autoria e origem.
Infelizmente os privilegiados detentores das estações de rádio, sejam concessionários ou permissionários, em sua maioria políticos, não conseguem entender que pode-se auferir maiores lucros, com a segmentação da programação das rádios, nos moldes do que ocorre nos E.U.A. Lá existem rádios especializadas em musica country, jazz, rock, blues, progressivo e por ai vai.
A segmentação, favorece traçar um perfil muito mais exato do público alvo, viabilizando um retorno mais seguro ao anunciante, que deixa de investir seus recursos publicitários de forma aleatória, para investir com maior segurança, naquelas estações onde, em tese, seu cliente em potencial esteja habitualmente e fielmente sintonizado. Fidelidade aqui é a palavra chave, atualmente, não existe fidelidade às estações de rádio, quando começa uma "música" que não agrada ao ouvinte, ele simplesmente passa para outra estação, afinal são todas iguais e o processo continua indefinidamente, pulando daqui para lá e de cá para lá.
Inegavelmente, existe ainda a questão da legislação, no que se refere a rádio difusão. A legislação em vigor, tem como escopo, a "proteção à cultura brasileira". Em linhas gerais, a lei determina que as estações de rádio estão obrigadas a destinar uma maior fatia de sua programação às músicas de origem nacional.
Protecionista e paternalista (típica do final dos anos 70), a legislação vem em socorro à incompetência e a fragilidade musical da música nacional, mascarada sob a forma de patriotismo e valorização da "cultura nacional". Na verdade, sob o argumento de preservar e valorizar a cultura nacional, o legislador restringiu-se, simplesmente, a determinar o que devemos ou não ouvir, contribuindo assim, para uma padronização, popularização e vulgarização da programação das estações de rádio, o que resultou no banimento radiofônico da música instrumental, seja ela brasileira ou estrangeira.
A música não deve ter fronteiras, nacionalidade, cor ou quaisquer outros rótulos. É universal por natureza e qualquer medida, seja ela legal, política ou econômica, que venha a restringir sua livre veiculação é no mínimo uma atitude arbitrária, arrogante e ignorante.
Estamos submissos a um grupo de empresários e políticos, que pela limitação de suas mentalidades ou pelo "volume" de seus interesses "$", preferem facilitar e proteger a veiculação de "material reciclável", pobre e descartável, sob o ponto de vista técnico musical, ao invés de democratizar o acesso aos veículos de divulgação, promovendo uma verdadeira expansão cultural, fruto da diversidade de conceitos, línguagens e estilos. Isso sim, seria promover a verdadeira cultura!
Em razão dessa padronização radiofônica brasileira, é que hoje, uma parcela daqueles que se dedicam a árdua carreira musical, acabam por "achar" que música pode ser composta, quando muito, por três acordes básicos, entremeados por letras absolutamente medíocres e de fácil memorização. Isso é o resultado, ou melhor, o efeito colateral, da longa exposição à mediocridade radiofônica, patrocinada e difundida pelos políticos, legisladores, estações de rádios e pelas gravadoras, que negam acesso à execução pública (radiodifusão), ou edição daquelas obras que não se identificam com os pífios, mas rentáveis, padrões atualmente vigentes.
As rádios e gravadoras, ao fecharem suas portas e microfones as obras mais elaboradas e de maior qualidade técnica, estão empobrecendo a nossa cultura musical. Somente restando aos profissionais competentes, (aqueles que por puro amor a boa música, preferem o árduo e sofrido caminho do estudo e do aperfeiçoamento musical), a produção independente, que por sua vez ainda é cara, de difícil distribuição e impossível veiculação, ficando dessa forma, sua comercialização e difusão comercial restrita a algumas poucas lojas especializadas e sites na internet.
Lamentavelmente, essa é a nossa situação. Enquanto nada mudar na legislação e em decorrência nas rádios, vamos continuar a ouvir nosso bom e velho Rock'n'roll, Progressivo, Blues, Eletrônico e Jazz Rock, seja ele nacional ou estrangeiro, em nossos antigos LPs, CDs ou em MP3.Essa gloriosa e saudosa rádio, conhecida como ELDO POP, surgida no final de 1971 e dirigida pelo talentoso e também saudoso BIG BOY (falecido em 1977), foi um marco na história da rádio carioca. A ELDO POP, foi primeira e única rádio FM do Rio de Janeiro, que teve a coragem e a iniciativa de divulgar o Rock Progressivo das mais diversas tendências, correntes e nacionalidades, além de divulgar o Rock, o Blues, o Eletrônico e o Jazz Rock.
Divulgava música de altíssima qualidade, tendo ou não o respectivo LP sido lançado no Brasil. Era uma rádio independente. E por tal razão, não subordinada aos interesse das gravadoras, muito diferente do que vivenciamos hoje, com uma infinidade de estações de rádio, todas medíocres, e absolutamente comprometidas com os interesses comerciais das gravadoras, que infelizmente, preferem investir em "bandinhas" e "grupelhos pentelhos" de notória incapacidade técnica, e sofrível qualidade musical em detrimento a uma série de excelentes músicos nacionais e estrangeiros.
Na ELDO POP, não existia a figura do locutor. Para ser mais preciso, existiam apenas as famosas vinhetas (trechos de músicas que faziam parte da programação) e raras eram as intervenções dos patrocinadores (comerciais). Recordo-me em especial do anúncio da Light, que se não estou enganado, tinha como trilha sonora, o trecho final da obra entitulada "Hymn to Him", do LP "Apocalypse" da Mahavishnu Orchestra.
Era uma rádio que não se acanhava em veicular músicas com mais de 20 minutos de duração sem cortes ou edições. Ouvia-se um lado completo de um LP, ou seja, ouvia-se, se fosse o caso, a obra completa. Ouvia-se apenas música, e música de qualidade e não um bando de locutores retardados falando um monte de bobagens, ou "enchendo lingüiça" com sorteios de brindes e promoções absolutamente fúteis e inoportunas.
Outra característica exclusiva do ELDO POP, era o fato de não informar os nomes das bandas que eram executadas. Esse detalhe, no meu entender, contribuiu para eternizar a ELDO POP, pois muitos de seus fiéis ouvintes, decorridos mais de 30 anos, ainda hoje, trocam informações e continuam a procurar por determinadas músicas, estejam elas gravadas em K7 ou mesmo na memória, algumas, permanecem ainda hoje, sem uma identificação de sua autoria e origem.
Infelizmente os privilegiados detentores das estações de rádio, sejam concessionários ou permissionários, em sua maioria políticos, não conseguem entender que pode-se auferir maiores lucros, com a segmentação da programação das rádios, nos moldes do que ocorre nos E.U.A. Lá existem rádios especializadas em musica country, jazz, rock, blues, progressivo e por ai vai.
A segmentação, favorece traçar um perfil muito mais exato do público alvo, viabilizando um retorno mais seguro ao anunciante, que deixa de investir seus recursos publicitários de forma aleatória, para investir com maior segurança, naquelas estações onde, em tese, seu cliente em potencial esteja habitualmente e fielmente sintonizado. Fidelidade aqui é a palavra chave, atualmente, não existe fidelidade às estações de rádio, quando começa uma "música" que não agrada ao ouvinte, ele simplesmente passa para outra estação, afinal são todas iguais e o processo continua indefinidamente, pulando daqui para lá e de cá para lá.
Inegavelmente, existe ainda a questão da legislação, no que se refere a rádio difusão. A legislação em vigor, tem como escopo, a "proteção à cultura brasileira". Em linhas gerais, a lei determina que as estações de rádio estão obrigadas a destinar uma maior fatia de sua programação às músicas de origem nacional.
Protecionista e paternalista (típica do final dos anos 70), a legislação vem em socorro à incompetência e a fragilidade musical da música nacional, mascarada sob a forma de patriotismo e valorização da "cultura nacional". Na verdade, sob o argumento de preservar e valorizar a cultura nacional, o legislador restringiu-se, simplesmente, a determinar o que devemos ou não ouvir, contribuindo assim, para uma padronização, popularização e vulgarização da programação das estações de rádio, o que resultou no banimento radiofônico da música instrumental, seja ela brasileira ou estrangeira.
A música não deve ter fronteiras, nacionalidade, cor ou quaisquer outros rótulos. É universal por natureza e qualquer medida, seja ela legal, política ou econômica, que venha a restringir sua livre veiculação é no mínimo uma atitude arbitrária, arrogante e ignorante.
Estamos submissos a um grupo de empresários e políticos, que pela limitação de suas mentalidades ou pelo "volume" de seus interesses "$", preferem facilitar e proteger a veiculação de "material reciclável", pobre e descartável, sob o ponto de vista técnico musical, ao invés de democratizar o acesso aos veículos de divulgação, promovendo uma verdadeira expansão cultural, fruto da diversidade de conceitos, línguagens e estilos. Isso sim, seria promover a verdadeira cultura!
Em razão dessa padronização radiofônica brasileira, é que hoje, uma parcela daqueles que se dedicam a árdua carreira musical, acabam por "achar" que música pode ser composta, quando muito, por três acordes básicos, entremeados por letras absolutamente medíocres e de fácil memorização. Isso é o resultado, ou melhor, o efeito colateral, da longa exposição à mediocridade radiofônica, patrocinada e difundida pelos políticos, legisladores, estações de rádios e pelas gravadoras, que negam acesso à execução pública (radiodifusão), ou edição daquelas obras que não se identificam com os pífios, mas rentáveis, padrões atualmente vigentes.
As rádios e gravadoras, ao fecharem suas portas e microfones as obras mais elaboradas e de maior qualidade técnica, estão empobrecendo a nossa cultura musical. Somente restando aos profissionais competentes, (aqueles que por puro amor a boa música, preferem o árduo e sofrido caminho do estudo e do aperfeiçoamento musical), a produção independente, que por sua vez ainda é cara, de difícil distribuição e impossível veiculação, ficando dessa forma, sua comercialização e difusão comercial restrita a algumas poucas lojas especializadas e sites na internet.
Se você teve o interesse de ler essa matéria e deseja conhecer um pouco mais sobre a Eldo Pop, visite:
Nesse excelente site, voce terá acesso as vinhetas, a listagem das bandas executadas, as famosas seqüencias, e poderá inclusive ajudar desvendar mistérios de 30 anos, baixando algumas músicas em MP3 e identificando o nome banda. Não se preocupe se voce não conheceu a Eldo Pop, no site existe uma exemplar e minuciosa descrição de como funcionava essa inesquecível e ainda hoje (decorridos mais de 30 anos) avançada rádio.
Recentemente, os heroicos responsáveis pela administração do mencionado site, disponibilizaram uma árdua pesquisa, onde o visitante é convidado a escolher as 10 melhores da Eldo Pop. Particularmente, minha lista pessoal é bem maior e encontro muita dificuldade em escolher apenas 10, no entanto, entendo as razões que levaram a limitar o número de opções.
Dedico esse texto à memória do BIG BOY, pseudônimo de Newton Alvarenga Duarte, bem como, a todos aqueles que direta ou indiretamete participaram de alguma forma, da elaboração e manutenção da melhor rádio FM do Rio de Janeiro, e que em razão de seus incansáveis esforços, tornaram inesquecível a ELDO POP!
Mais informações sobre o BIG BOY: http://pt.wikipedia.org/wiki/Big_Boy