quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Shadowfax - Watercourse Way (1985) [Windham Hill]

A banda estadunidense Shadowfax, nome esse, possivelmente atribuído a banda em homenagem a J.R.R.Tolkien, autor da saga "Lord Of The Rings" ("Shadowfax" é o nome do cavalo de "Gangalf"), começou em 1972 com Greenberg, Maggini e Stinson que naquela época já compunham suas músicas mas sem maiores pretensões profissionais. Mais tarde, já com algumas obras concluídas, convidaram a participar da banda o tecladista Maluchnik que apresentou-lhes o baterista Nevitt. Estava criada a primeira formação do Shadowfax, que permaneceu na ativa, com algumas alterações em sua formação, até o ano de 1995, quando do falecimento de Chuck Greenberg.

Ao longo desses anos de atividade, Shadowfax produziu uma significativa discografia, mas nenhum desses trabalhos, guarda qualquer semelhança com o material contido no primeiro álbum da banda objeto da presente postagem.

Muitos dos atuais apreciadores da banda, rotulam o trabalho do Shadowfax como New Age. Pessoalmente, para ser sincero, não pretendo perder meu tempo em levantar qualquer debate infrutífero sobre a natureza do New Age ou se a sonoridade desse álbum é ou não é progressiva. Para mim trata-se de música de altíssima qualidade e por não desejar me divorciar do bom senso, recuso-me a levantar questão ou debater sobre o "sexo dos anjos".

O álbum inaugural "Watercourse Way" tem uma história muito peculiar e inédita. O  álbum foi originalmente lançado em 1976 pela Passport Records (produzido por Marty Scott and Larry Fast), tendo sido reeditado em 1985 pela Windham Hill. Até aí, nada de mais, não fossem os relatos de alguns admiradores dessa obra informarem que "muitas das composições sofreram alterações em sua estrutura", com direito a "mutilação" de solos dentre outras "ajeitadas" no arranjo, que segundo os informantes, descaracterizaram dramaticamente a sonoridade da obra original editada em 1976.

Pessoalmente conheci esse álbum na edição de 1985 e achei-o simplesmente fantástico. Riquíssimo em texturas, sabores e aromas. Uma verdadeira obra de arte, que mescla com profunda e brilhante maestria o progressivo, o jazz, o fusion, o rock e uma miríade de outras correntes que resplandecem com infinita luminosidade na utilização de instrumentos como o oboé, a flauta, a cítara e a tabla, incluindo uma generosa e agradável incursão pela música renascentista (Petite Aubade).

Rapidamente posso adiantar que as duas primeiras composições guardam alguma semelhança com as guitarras de Mc.Laughlin e Steve Hillage respectivamente. Em "Book Of Hours" a guitarra num estilo que lembra John Etheridge (Soft Machine) é magistralmente substituída por uma cítara absolutamente mágica e bela, acompanhada de uma percusão exemplar. "Song For My Brother" é a minha faixa preferida. Não apenas pelo belíssimo arranjo, mas essa composição "respira", "pulsa" é como se fosse um ser vivente, que evolui no tempo e no espaço. Não tenho como descrevê-la com absoluta fidelidade, somente ouvindo para entender, pois parece que toda a composição é uma grande brincadeira com a variável "tempo". 

Ainda hoje admiro profundamente a edição de 1985, mesmo por que, até hoje não consegui fazer qualquer distinção entre as duas edições. Para ser sincero, as duas únicas divergência que posso com absoluta certeza mencionar são: A capa; cuja  versão da Passport Records de autoria de Terry Lamb é infinitamente mais bela e que existe uma versão em LP da Windham Hill na qual a "Song For My Brother" possui apenas (3':10"), ao passo que a versão em CD lançada pela Lost Lake Arts possui (9':41") ou seja, a mesma duração da versão original em LP lançada pela Passport Records em 1976.

Seja como for, a versão original de 1976 da Passport Records, trata-se de uma daquelas obras raríssimas e que eu saiba, nunca foi editada em formato de CD. Essa obra somente foi editada em CD pela Lost Lake Arts, baseada na edição de 1985 em LP da Windham Hill, que destinou-se a atender aos pedidos dos apreciadores da banda, que ansiavam por substituir seus antigos LPs editados pela Passport Records, por encontrarem-se já desgastados pelo uso.

Particularmente, salvo engano, acredito que até a presente data, eu não tenha conseguido obter um verdadeiro RIP do LP original de 1976. Tenho vasculhado a rede e ainda não consegui encontrar uma versão que seja realmente divergente da versão da Windham Hill de 1985. Encontrei algumas postagens onde está divulgada a capa original de 1976, mas o material é absolutamente idêntico ao lançado em 1985. Infelizmente, para dirimir qualquer dúvida,  resta-me somente aguardar encontrar alguma generosa alma,  que divulgue um  RIP do LP original.

Shadowfax - Watercourse Way (1985)

Músicas:
01. The Shape Of A Word (Stinson) - 7:29
02. Linear Dance (Stinson) - 5:51
03. Petite Aubade (Greenberg / Stinson) - 5:59
04. Book Of Hours (Maluchnik) - 6:37
05. The Watercourse Way (Greenberg / Stinson) - 6:04
06. A Song For My Brother (Stinson) - 9:41

Músicos:
Chuck Greenberg: Lyricon, Saxophone, Flute, Oboe
Phil Maggini: Bass
Greg Stinson: Guitar, Sitar, Vocals
Doug Maluchnik: Piano, Electric Piano, Synthesizer, Harpsichord
Stuart Nevitt: Drums, Tabla, Percussion

[Obrigado = Thanks]

 Dedico esta singela postagem a memória do grande músico CHUCK GREENBERG 
(1950 - 1995).

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Cactus - Fully Unleashed - The Live Gigs

Essa vida de apreciador da boa música é repleta de acontecimentos estranhos. Principalmente numa época em que não existia a internet. Naquela época ou se comprava o vinil, ou se gravava de algum amigo uma cópia em fita K7. Não haviam outras escolhas. Muitas vezes me vi, por indisponibilidade de recursos financeiros, na incomoda situação de postergar a aquisição de um LP em benefício de outro LP de outra banda.

Ao longo dessa minha vida, o Cactus foi uma dessas bandas que deixei de adquirir muitos de seus álbuns, sempre deixando para mais tarde a sua aquisição. Só lá pelo início da década de 80, através de um conhecido meu (que ao longo desses anos, me fornece acesso barato de muito material fonográfico de qualidade) é que eu fui me dar conta da exemplar qualidade sonora e criativa dessa genial banda estadunidense.

O cara não se cansava de falar sobre o Cactus, tecia longos elogios até que um dia acabei escutando uma parte de um dos álbuns do Cactus (já em CD). Mas assim como no passado mais distante, o trabalho não chegou a me empolgar e não comprei o famigerado CD (a grana não dava para tudo) e acabei preferindo adquirir alguns exemplares do bom e amado progressivo.

O tempo passou e me tornei um apreciador do bom e velho Blues, com especial interesse naqueles temperados com uma generosa porção do mais puro rock'n Roll. Certo dia conversando com esse meu "fornecedor", pedi que ele me recomendasse alguma coisa com uma sonoridade entre o Rock e o Blues, mas que tivesse uma tendência para o hard rock, e não deu outra, o cara colocou na minha mão essa verdadeira jóia que tenho o prazer de agora divulgar.

Esse álbum originalmente composto por 2 CDs, trata-se de uma edição limitada e pelo que sei, a tiragem dessa primeira e única edição foram de apenas 5.000 cópias. Infelizmente a versão que possuo em CD, tem perna de pau, um olho só além de um belo papagaio no ombro e por não ser uma cópia original, infelizmente não veio com o indispensável encarte. Sendo assim, peço desde já dsculpas aos caros visitantes, mas deixarei de oferecer um conjunto de informações mais completas sobre esse magnífico álbum. Não obstante, a qualidade sonora das faixas é de primeira qualidade, límpido e claro como se vc. estivesse na platéia na primeira fileira.

"Fully Unleashed: The Live Gigs", na verdade não é um álbum que tenha sido elaborado como um álbum da discografia oficial do Cactus. Essa verdadeira jóia do Rock e do Blues é uma compilação de material gravado ao vivo, mas que nunca veio a ser efetivamente publicado. Algumas músicas (todo o CD1 e metade do CD2) foram gravadas em 19/12/1971 em Memphis, Tennessee (com a formação original da banda), outras foram capturadas em 28/08/1970 Isle Of Wight Festival, 26/06/1971 no Gillian's Club (Buffalo, NY) e em 03/04/1972 no Mar y Sol Pop Festival em Porto Rico. Em 2004, a Rhino Handmade coletou esse material "esquecido" e lançou o ábum da presente postagem, lançando ainda, em 2007, outro álbum o  "The Live Gigs - Vol.2".

Se o caro visitante não conhece o Cactus, não faça como eu, que deixei de ouvir durante muitos anos, uma das melhores bandas que existe de rock e blues. Se por outro lado, o visitante conhece o trabalho dessa banda, já tem uma noção do inquestionável potencial desse álbum. Trata-se de pura pauleira ao vivo, executada com muita competência e profissionalismo. Espero que todos aproveitem bem!

Fully Unleashed - The Live Gigs

Músicas:
CD1
01. Intro/Long Tall Sally* (12:16)
02. Bag Drag* (3:10)
03. Evil* (16:11)
04. Parchman Farm* (6:21)
05. Alaska* (3:56)
06. Oleo* (11:19)
07. No Need To Worry* (20:18)
08. Let Me Swim* (5:06)

CD2
01. Big Mama Boogie - Parts 1 & 2*
02. Medley: Heeby Jeebies/ Money/ Hound Dog/ What'd I Say*
03. No Need To Worry**
04. Parchman Farm**
05. One Way...Or Another*
06. Bro. Bill*
07. Swim
08. Bad Mother Boogie
09. Our Lil Rock-N-Roll Thing
10. Bedroom Mazurka**

* Previously Unissued
** Previously Unissued On CD

Músicos:
Carmen Appice: Bateria
Tim Bogart : Baixo
Rusty Day: Vocal e Harmonica
Jim McCarty: Guitarra

[Obrigado 1 = Thanks 1]
[Obrigado 2 = Thanks 2]