segunda-feira, 28 de março de 2011

Banco Del Mutuo Soccorso - Darwin! (1972)

Taí mais uma banda que faltava divulgar nesse Mukifu, consistindo-se num dos mais geniais e representativos exemplos do que existe de melhor no progressivo italiano. Banco, com absoluta certeza e sem qualquer exagero, representa a mais requintada essência da criatividade, virtuosismo, sentimentos e profissionalismo.

Ao contrário de algumas outras bandas (italianas) de inegável relevância, 'Banco' possui uma extensa discografia, tendo permanecido em plena atividade até os anos de 2000. Por preferência pessoal, não me estenderei em discriminar todas as suas obras, restringindo minhas indicações aos álbuns: "Banco Del Mutuo Soccorso" (1972), "Darwin!" (1972),  "Io sono nato libero" (1973), "Come in un'ultima cena" (1976) e "Canto di Primavera" (1979), que no meu entender formam um conjunto fundamental e imprescindível aos admiradores do bom progressivo italiano.

Para quem ainda não conhece o trabalho do 'Banco', posso, em poucas palavras, evidenciar algumas de suas principais características. Vou começar com os inconfundíveis e poderosos vocais de Francesco di Giacomo, que são absolutamente fundamentais a estrutura da sonoridade do 'Banco'. Giacomo consegue reunir elementos teatrais, agressivos, ameaçadores e líricos com exemplar maestria e requinte, propiciando e destacando de forma inequívoca, a afinada e absoluta sincronia com os temas instrumentais, propostos pela dupla de tecladistas formada pelos irmãos Nocenzi.
Essa genial e inédita duplicidade de teclados forjam e fundamentam toda a estrutura musical do 'Banco', conferindo a banda uma personalidade ímpar, madura, forte e repleta de memoráveis, belas e criativas composições. Quero salientar que não estou me referindo a alguns eventuais trechos da composição. Refiro-me as composições em sua forma integral, que se revelam belas, originais e fortes do princípio ao fim. Verdadeiras obras-primas, que perdurarão no tempo.

Não vou me alongar em tecer intermináveis elogios acerca do 'Banco', mesmo porque, não existe nada, absolutamente nada a ser destacado, que eventualmente deponha desfavoravelmente a genialidade e competência dessa exemplar banda. Todos são músicos de primeira grandeza não deixando em momento algum de evidenciarem suas habilidades técnicas e criativas.

Sendo assim, só me resta informar ao visitante leitor, que o álbum "Darwin!" é um dos mais apreciados e reconhecidos trabalhos da banda. Essa quase que unânime opinião, justifica-se com cristalina e inquestionável justiça. No entanto, dentre os álbuns anteriormente indicados (no inicio do texto), não consigo estabelecer uma preferência por qualquer um deles. Pessoalmente considero-os perfeitos e cada um deles possui sua mágica pessoal, com propriedades particulares e distintas, capazes de conduzir o ouvinte as mais longínquas e abissais regiões da limitada compreensão humana.


Se o visitante leitor desejar conhecer o álbum "Come in un'ultima cena", não deixe de visitar o excelente blog do amigo Helinho Blues Blog. Além da generosa divulgação dessa fundamental obra, o visitante leitor poderá conhecer muito mais sobre a história dessa genial banda, lendo a excelente resenha do amigo Helinho. Não deixe de visitá-lo:





Darwin! (1972)

Músicas:
01. L 'Evoluzione
02. La conquista della posizione eretta
03. Danzo dei grandi rettili
04. Cento mani e cento occhi
05. 750.000 anni fa . . . L' Amore?
06. Miserere alla Storia
07. Ed ora io domando tempo al Tempo ed edli mi risponde . . . non ne ho!    

Músicos:
Francesco di Giacomo: Vocal principal
Vittorio Nocenzi: Orgão e Teclados
Gianni Nocenzi: Teclados
Marcello Todaro: Guitarras
Renato d'Angelo: Baixo
Pier Luigi Calderoni: Bateria

[Obrigado = Thanks]

quarta-feira, 16 de março de 2011

Mike Oldfield - Incantations (1978)

Sou um ardoroso admirador da genial e inigualável sonoridade criada por esse brilhante multi-instrumentista, compositor e arranjador inglês. Ao longo dessa minha (já longa) existência, perdi a conta dos LPs desse verdadeiro "Mago" da musica, que tive que readquirir em razão da sua exaustiva execução.

De tanto escutá-los, invariavelmente meus LPs acabavam tendo sua vida útil abreviada, uma vez, que minha primeira aparelhagem estéreo, um velho "Grundig", era "municiado" de uma medíocre agulha de safira e para piorar, ainda possuía um mecanismo tão primitivo, que tornava impossível calibrar corretamente o peso do "braço". Isso obrigava-me (em alguns casos) a recorrer ao velho artifício da moeda sobre a "cabeça" da  cápsula, visando aumentar o peso, evitando o "skating" sobre as trilhas do LP. Essas sucessivas trocas, por LPs em melhores condições, somente tiveram fim quando finalmente adquiri toda uma nova aparelhagem (que me acompanha até hoje) exceto pelo pickup "Dual", posteriormente substituído por um "Technics".

Foi somente então, que finalmente decidi-me por adquirir uma retrospectiva denominada "Boxed" (cara pacas) composta por quatro LPs. Os três primeiros álbuns: 'Tubular Bells' (1973), 'Hergest Ridge' (1974), 'Ommadawn' (1975) e como bônus, o álbum denominado 'Collaborations'', esse último, uma verdadeira pérola, composta por composições em parceria  com  David Bedford. Além desses quatro LPs, a versão em vinil do 'Boxed' vem acompanhada de um maravilhoso encarte repleto de belas fotografias (duas delas abaixo divulgadas) e um completíssimo histórico das obras inclusas.

Essa belíssima retrospectiva foi elaborada em 1976, para suprir o intervalo entre o 'Ommadawn' e o 'Incantations'. Basicamente, Oldfield acreditava que muitos detalhes contidos nessas três obras haviam ficado ocultos e decidiu remixar e retrabalhar os quatro álbuns em Sistema Quadrifônico.
Foto de parte do encarte do 'Boxed'.
Desde que escutei seu primeiro álbum, Mike Oldfield foi uma verdadeira "revelação"; lógica e espiritual . Essa aparente antagônica "revelação", somente pode ser compreendida por aqueles que realmente admiram e "viajam" no trabalho do 'Grande Mestre' Oldfield. Seus arranjos, (algumas vezes erroneamente interpretados, por alguns, como 'minimalistas'), são repletos de uma inequívoca e brilhante ordem matemática e lógica, tão próximos de uma eventual "perfeição", que conduzem o ouvinte a uma profunda reflexão entre o ser e o não ser, a luz e a escuridão, o caos e a ordem.  Sempre que escuto os primeiros trabalhos de Mike Oldfield, inevitavelmente acabo sendo conduzido ao paradoxal conceito entre criador e criação e suas inelutáveis implicações. Seja como for, o conjunto dessas obras me trazem um sentimento de eternidade, amplidão, poder, benevolência, fúria e justiça que jamais consegui capturar em qualquer outro compositor, senão através das partituras do 'Grande Mestre' Oldfield.

O álbum 'Incantations', no meu entender, representa um marco que encerra o melhor dos ciclos da carreira desse brilhante e magistral músico. Refiro-me especificamente ao período compreendido entre os álbuns: 'Tubular Bells',  'Hergest Ridge' e 'Ommadawn'. Esses quatro álbuns perfazem um conjunto simplesmente sublime e fundamental.

Dica muito importante:
 Para quem se interessar pelos álbuns 'Crises' e 'Tubular Bells' eles poderão ser baixados no excelente blog Nas Ondas da Net do caro amigo Lord Gustavo, que além de generosamente divulgá-los, ainda nos presenteia com suas excelentes resenhas. Não deixem de visitá-lo e conhecer o vasto acervo desse grande parceiro.

Para tornar o download menos monótono, optei por dividir os arquivos em duas partes autônomas. A primeira, contendo as composições 'Incantations' parte 1 e 2 e a segunda, contendo as composições 'Incantations' partes 3 e 4. Assim, o visitante enquanto "baixa" uma das partes poderá ir aproveitando a parte já "baixada". Espero que seja do agrado de todos. Boa Viagem!

Incantations (1978)

Músicas:
01. Incantations (Part 1)
02. Incantations (Part 2)
03. Incantations (Part 3)
04. Incantations (Part 4)

Músicos:
Mike Oldfield: Todos os instrumentos exceto:
Trumpete: Mike Laird
Bateria e Vibrafone (Parte 4): Pierre Moerlin
Vocais e Coral: Maddy Prior, Sally Oldfield e The Queens College Girls Choir
Flauta: Sebastian Bell e Terry Oldfield
Tambores Africanos: Jabula
Orchestra e Coral conduzido por David Bedford

[Obrigado 1 = Thanks 1]
[Obrigado 2 = Thanks 2]

segunda-feira, 7 de março de 2011

Brand X - Unorthodox Behaviour (1976)

Esse é o primeiro álbum dessa genial banda britânica dos anos 70, que notabilizou-se pela sua inovadora e originalíssima sonoridade, orientada basicamente pelo Jazz Rock. Formada inicialmente por John Goodsall na guitarra, Percy Jones no baixo, Robin Lumley nos teclados e Phil Collins na bateria, a banda chegou a lançar uma discografia relativamente sólida composta pelos álbuns: Unorthodox Behaviour (76), Moroccan Roll (77), Livestock (77), Masques (78), Product (79), Do They Hurt (80), Is There Anything About? (82).

A título de informação, o nome "Brand X" está intimamente relacionado a área de marketing e em decorrência a área jurídica, pois sua existência, manutenção e proteção (contra o seu uso indevido) dependem exclusivamente dessa última. "Brand" significa "Marca" e essa, por sua natureza intangível e sua complexidade constitutiva (palavras, símbolos, logotipos, cores ...) não é um conceito de fácil definição. Mas o que realmente quero evidenciar é a "possibilidade do consumidor ter sensações, experiências e percepções absolutamente diferentes sobre a mesma marca em relação a outro consumidor". É nessa questão, claramente subjetiva, que pretendo basear o comentário que se segue.

Para quem ainda não conhece 'Brand X', sua sonoridade pode não agradar numa primeira, segunda ou terceira audição. E conheço muita gente, que mesmo após diversas audições, nunca chegou a apreciar sua exótica sonoridade. Pessoalmente aprecio o trabalho dessa banda, no entanto, sempre que me disponho a ouvir 'Brand X', (coisa que não faço com habitualidade), tenho a impressão que se trata de  música voltada especificamente para o músico profissional ou amador.

Depois de inúmeros debates (alguns acalorados e infrutíferos) com outros apreciadores de Jazz Rock, elaborei a uma teoria muito pessoal, da qual, os visitantes leitores poderão ou não concordar. Creio que em algumas de suas composições, 'Brand X' torna-se exageradamente complexo e repleto de tecnicidade. Assim, sob o ponto de vista do "simples mortal" (que não é músico, como eu) fica uma estranha sensação que está sobrando técnica e virtuosismo, mas ao mesmo tempo, fica faltando alguma "coisa". Essa "coisa", no meu entender, (por analogia) utilizando-me da arte de degustar, apreciar e catalogar uma boa bebida se chama 'Alma'. 'Brand X' possui um requintado buquê, é deliciosamente encorpado, mas em algumas composições falta-lhe o essencial, a 'Alma'.

Não tenho dúvida que a presença de Phil Collins, certamente favoreceu e até propiciou "atracar" a banda num 'cais mais seguro', garantindo a banda, alguma projeção comercial. Não quero dizer com isso, que o Brand X dependeu exclusivamente de Collins, para notabilizar-se. Muito pelo contrário. Os músicos que integram a banda são excepcionais e de notória e inegável competência. Seria leviano e estúpido negar os merecidos créditos ao "monstruoso" Percy Jones, com seu inconfundível estilo borbulhante no fretless, John Goodsall exímio, rápido e feroz guitarrista com um estilo muito próximo ao de Mclaughlin, Robin Lumley um dos grandes tecladistas do Jazz Rock (arquiteto e executor dos melhores momentos da banda, juntamente com Goodsall), mas possivelmente, se entre os créditos não estivesse consignado o nome, ou seja, (a marca) Phil Collins, possivelmente a discografia fosse bem menos robusta e sua projeção comercial não representasse mais que um "traço" estatístico.

No final de tudo, minha teoria não passa do inútil exercício do que seria, se não fosse. Mas mesmo assim, acho-a bem convincente, plausível e razoável. Mas seja como for, o importante é que a banda possui alguns excelentes álbuns (Moroccan Roll, Livestock) que devem ser cuidadosamente degustados. Vou aproveitar para veementemente recomendar um outro excelente e brilhante trabalho, que embora não faça parte da discografia do 'Brand X', conta com a presença de todos os seus membros. Refiro-me ao brilhante "Peter and The Wolf" já divulgado aqui nesse Mukifu. IMPERDÍVEL!

Para facilitar a vida daqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre o 'Brand X', segue o link de um excelente Blog, onde estão divulgados os álbuns abaixo:

Unorthodox Behaviour (1976)

Músicas:
01.  Nuclear Burn
02.  Euthanasia Waltz
03.  Born Ugly
04.  Smacks of Euphoric Hysteria
05.  Unorthodox Behaviour
06.  Running of Three
07.  Touch Wood

Músicos:
John Goodsall: guitarra
Percy Jones: baixo
Robin Lumley: teclados;
Phil Collins: bateria
Jack Lancaster: Soprano Saxofone

[Obrigado = Thanks]