terça-feira, 19 de abril de 2011

Brian Eno - Taking Tiger Mountain (By Strategy) - (1974)

Nessa semana eu estava assistindo na TV ao excelente filme "The Lovely Bones", renomeado no Brasil para "Um olhar do Paraíso", quando lá pelas tantas, bem ao fundo, emaranhado a sonoplastia, percebi alguns acordes da trilha sonora que me soaram muito familiares. Prestei mais atenção e logo reconheci uma das brilhantes composições de Brian Eno, trata-se da feroz e insana "Third Uncle". Fiquei impolgado e não deixei de acompanhar a trilha sonora. Mais adiante, já na cena do espancamento do pai de 'Susie Salmon', sobressaem as infernais e dilacerantes guitarras de Fripp de "Baby is on Fire", enquanto o infeliz é injustamente massacrado com um taco de baseball. Foi o suficiente para me motivar a divulgar mais um excelente trabalho do gênio Brian Eno.

Não vou esconder que sou um ardoroso admirador de quase tudo que conheço da obra de Eno. Admiro profundamente a genial "insanidade" de Brian Eno, que consegue como poucos, em rápidas e aparentemente displicentes "pinceladas" elaborar requintadas cenas absolutamente delirantes, infernais e até bizarras, para logo depois (na faixa seguinte), envolver o ouvinte em uma acalentadora canção, sutil, lírica e suave como uma canção de ninar, sem que com isso ocorra qualquer ruptura do andamento da obra.

Essa é apenas uma das inúmeras facetas que admiro no trabalho de Brian Eno, que é totalmente e deliberadamente "insano", como todo ser humano dotado de exacerbada genialidade. Existem composições de Brian Eno, que reforçam essa minha visão. Algumas me parecem truncadas, conturbadas e emaranhadas em experiências e sensações de natureza duvidosa ou até "proibida", segundo os critérios da "sanidade". Tudo se desenrola em pouquíssimos minutos e da vibrante e lisérgica exposição de idéias, concretizadas sob a forma de uma sonoridade absolutamente original, ao seu termino, deixa a sensação que tudo faz sentido e que tudo sempre esteve em seu devido lugar, apenas os indivíduos "sãos" não conseguem exergar essa nova e reveladora realidade proposta por Eno.

É o caso por exemplo da insana faixa 'Third Uncle' desse álbum, onde as infernais guitarras de Manzanera, o inquisidor baixo de Turrington, a feroz e faminta bateria de Smith e o vocal de Eno, parecem conspirar em favor da mais absoluta insanidade, onde imperam a perseguição, a dor e a crueldade.

Infelizmente esse álbum não foi muito bem recebido pelo público na época de seu lançamento. Acredito que isso ocorreu, por tratar-se de uma obra lançada com pelo menos uns vinte anos de antecedência e o público não estava pronto para entender a amplitude da sua linguagem musical , que na minha insignificante opinião,  representa seu mais "insano" e delicioso trabalho.

As faixas, 'The Fat Lady of Limbourg', 'Mother Whale Eyeless', 'The Great Pretender', 'Third Uncle', 'Put a Straw Under Baby', 'The True Wheel' e 'Taking Tiger Mountain' são verdadeiros clássicos e que merecem uma audição "especialmente acompanhado", se é que vcs. me entendem... 

Já ia me esquecendo. Pelo que me lembro, a faixa 'The Great Pretender' foi exaustivamente executada na Eldo Pop, se outras faixas chegaram a ser executadas infelizmente não me recordo.

Bons delírios a todos...

Taking Tiger Mountain (By Strategy) - (1974)

Músicas:
01.  Burning Airlines Gives You So Much More
02.  Back in Judy's Jungle
03.  The Fat Lady of Limbourg
04.  Mother Whale Eyeless
05.  The Great Pretender
06.  Third Uncle
07.  Put a Straw Under Baby
08.  The True Wheel
09.  China My China
10.  Taking Tiger Mountain

Músicos:
Brian Eno: vocals, electronics, snake guitar, keyboards
Phil Manzanera: guitars
Brian Turrington: bass
Freddie Smith: drums
Robert Wyatt: percussion, backing vocal
Andy MacKay: saxophones (3)
Phil Collins: extra drums (4)
Polly Eltes: vocal (4)
Portsmouth Sinfonia: strings (7)
Randit the Pyramids: chorus (8)
The Simplistics: chorus (2 e 10)

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