"Shiver" é uma excelente banda suiça de Blues Psicodélico mas que infelizmente só lançou um único álbum o "Walpurgis" (1969). Para ser sincero, desconhecia completamente essa interessante banda, mas por sorte, tive o privilégio de conhecer o trabalho enquanto visitava o excelente Blog Hofmann&Stoll do caro amigo Faustodevil. Compelido pela resenha e pela arte da capa, criada pelo grande artista suiço H. R. Giger, baixei o material e botei para executar enquanto apreciava a sombria beleza da capa (primeira capa para LP criada por H. R. Giger, sendo sua capa mais conhecida a do álbum do E.L.P. "Brain Salad Surgery"), logo na primeira música fiquei completamente desconcertado com a qualidade da banda, que me lembrou imediatamente as bandas Ekseption e Procol Harum. As demais músicas são igualmente excelentes e para quem gosta do Blues, regado a muito Hammond, piano e uma excelente guitarra é uma oportunidade imperdível.
Para mais informações e maiores detalhes sobre o material musical e link para download visite o excelente Blog Hofmann&Stoll:
http://hofmannstoll.blogspot.com/search/label/SHIVER
Por simples curiosidade, a origem e o significado da expressão "Walpurgis" é extremamente amplo e complexo e varia do momento histórico e da região geográfica na qual nos referimos a ela. Inúmeras referências a "Walpurgis" são encontradas em muitos países como uma data comemorativa. Referências à "Noite de Walpurgis" são encontradas na Finlândia, Alemanha, Suécia dentre outros países e suas origens perdem-se nas trevas dos tempos.
O festival de Walpurgis (22 de Abril até 1 de Maio) relata um dos mais interessantes significados dentre as comemorações pagãs. Nas nove noites de 22 até dia 30 de Abril, é relembrado o auto-sacrifício de Odin pendurado na Árvore do Mundo Yggdrasil. Na nona noite (30 de Abril, Walpurgisnacht) que ele resgatou as Runas, e simbolicamente morreu por um instante. Neste momento, toda a luz entre os 9 mundos foi extinguida e o caos reinou. No ultimo toque na meia-noite, ele renasce e tudo volta ao normal.
Históricamente o "Walpurgisnacht" parece que originou-se de tradições pagãs, onde era celebrada a chegada da primavera. A celebração, realizada à noite com fogueiras, música, dança e bebidas, trata-se de uma evidente celebração da fertilidade, após os rigores do inverno. No entanto, certamente essa celebração pagã, não agradava aos interesses católicos, que trataram de subverter seu real significado, atribuindo à festividade uma pretensa relação com o culto aos demônios, onde a bebida levava a realização de orgias e a toda uma série de atos abomináveis. Na minha ignorância, particularmente, acredito que a Igreja Católica incapacitada de subjugar as já arraigadas e populares crenças pagãs, aproveitou-se de um fato histórico ocorrido nos bastidores do clero, visando usurpar e transformar a data (1 de Maio) em uma celebração de natureza cristã. Eis o fato, relatado de forma breve:
A personagem principal, Walpurga ou Walburga, dependendo do momento e da área em que alguém se refere a ela, nasceu no final do século sete ou no inicio do oitavo. Educada sob rígidos princípios cristãos, assumiu o hábito e junto com algumas outras religiosas, empenhou-se em construir casas religiosas pela Alemanha, chegando a tornar-se abadessa da ordem beneditina de Heidenheim. Falecida em 25 de fevereiro de 779, seus despojos foram transferidos para Eichstadt, onde ela foi enterrada numa gruta de pedra, de onde "surgiu" uma espécie de óleo betuminoso, mais tarde conhecido como Óleo de Walpurgis, considerado como tendo eficácia milagrosa contra doenças. A gruta tornou-se um lugar de peregrinação e no mesmo ano de sua morte, na exata e oportuna data de 1 de Maio de 779, foi canonizada como Santa Walpurgis e uma grande igreja foi construída sobre o local. Dessa forma, a Igreja católica com exemplar habilidade, finalmente "usurpa-se" da data das celebrações pagãs de 1º de Maio, revestindo a data com um significado cristão.
Shiver - Walpurgis (1969)
Músicas:
01. Repent Walpurgis
02. Ode To The Salvation Army
03. Leave This Man Alone
04. What’s Wrong About The Blues
05. Hey Mr. Holy Man
06. Don’t Let Me Be Misunderstood
07. No Time
08. The Peddle.
Músicos:
Dany Ruhle: Guitarra principal, harmônica e vocal
Jelly Pastorini: Orgão e Piano
Mario Conza: baixo, flauta e vocal
Roger Maurer: bateria e vocal
Peter Robinson: vocal principal